Livro "A Menina Que Foi Rio"
Correnteza são encontros com mentoria da artista Yohana Ciotti para compartilhar, criar e recriar histórias de mulheres.
A partir de mitos, contos tradicionais e de fadas, assim como das jornadas de heróis e heroínas, rumamos em direção às histórias sobre mulheres que queremos e que precisamos contar.
Com o objetivo de lançar diferentes olhares sobre como as mulheres narram e vem sendo narradas. Degustando em nossas próprias histórias o mundo novo que se apresenta sob nossos pés. Processos de conexão com o corpo, a voz e memória.
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Correnteza
Mulheres Fabulosas
As escritoras, contadoras de histórias e advogadas, Yohana Ciotti e Alexandra Pericão, transformaram em Contos Maravilhosos as histórias reais de mulheres que lutaram em defesa dos Direitos Humanos.
A singularidade deste trabalho está em tornar essas histórias mais potentes por meio de narrativas metafóricas (contos maravilhosos), perpetuando poeticamente a memória de suas lutas e ainda trazendo esses contos para a oralidade, por meio de espetáculos narrativos em que o público é recebido como convidado especial. Esses espetáculos narrativos dialogam tanto com o público infantil como o adulto, com a possibilidade de um bate-papo sobre quem foram realmente essas mulheres inspiradoras e o que representaram num cenário mais amplo de conquistas de direitos da mulher.
No repertório mulheres como:
Olympe de Gauges
(1748 – 1792, França)
Dramaturga e ativista política da Revolução Francesa, defensora de Direitos Humanos como o fim da escravatura nas colônias e a igualdade de gênero. Escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã e foi a segunda mulher a ser guilhotinada depois da rainha Maria Antonieta.
Mary Wollstonecraft
(1759-1797, Inglaterra)
Escritora e ativista política, defensora dos ideais da Revolução Francesa e da igualdade de gênero, sobretudo pelo direito de acesso à educação para as mulheres. Considerada percursora dos ideias feministas defendidos por Simone de Beauvoir. Escreveu Reivindicações dos Direitos da Mulher. Foi mãe de Mary Shelley.
Mulheres da Marcha Pão e Paz
(18 de março de 1917, Rússia)
Aproximadamente 90 mil trabalhadoras manifestaram-se contra o czarismo e a participação russa na 1ª Guerra Mundial, com cartazes que pediam “igualdade, pão, paz e terra”.
Domitila Barrios
(1937-2012, Bolívia)
Líder camponesa, fundadora do Comitê de Donas de Casas, num vilarejo chamado Siglo XX, que lutava por melhores condições para o seu povo. Em 1975, representou as trabalhadoras da Bolívia na Conferência Mundial das Mulheres, realizada no México (ONU), no Ano internacional da Mulher. Em 1978, junto com mais quatro mulheres, iniciou uma greve de fome que deflagrou um movimento que derrubaria a ditadura vigente.
Histórias para ver e ouvir
Registro:
(texto, voz e montagem de Yohana Ciotti)
Quintal da Cultura:
Outras histórias:
Artigo: Tecer a pele da mulher narradora de histórias
Por Yohana I. Ciotti Back
Resumo
Entre urdidura, linha e pente – oralidade, permeabilidade e atualidade – procuro tecer um contorno da mulher narradora de histórias. Uma superfície irregular e assimétrica que traduzo em pele. Como uma fronteira entrecortada, que ao mesmo tempo a separa do todo ao seu redor, é invadida por ele. Essa “pele”, expressão da singularidade da mulher que narra, manifesta desejos e pensamentos, coloca sua voz no mundo. Para isso, utilizo-me do conto tradicional escocês “Maccodrum’s seal wife” e traço um paralelo entre a mágica pele roubada e o calar forçado das mulheres por tanto tempo. Reflito sobre a busca por esta voz através da contação de histórias, arte que aproxima pessoas de outras pessoas, pessoas de histórias e pessoas de si mesmas.
Abstract
Between warp, thread and comb – orality, permeability and actuality – I weave an outline of the woman storyteller. An irregular and asymmetrical surface that I to translate into skin. Like a intersected border, which at the same time separates it from the whole around, is invaded by it. This skin, expression of the singularity of the woman who narrates, manifests desires and thoughts, places her voice in the world. To do this, I am using the Scottish traditional tale “Maccodrum’s seal wife” and trace a parallel between the magic stolen skin and the forced silence of women for so long. I reflect on the search for this voice through Storytelling, art that brings peoples together, and connects people to stories, and people to themselves.
Palavras chave
narração de histórias; gênero; voz.
Clarão
Por Yohana Ciotti
As emoções são estados ou movimentos da alma humana, que provocam a percepção de valor ou importância de determinada situação para sua vida ou necessidades. Algumas dessas emoções podem ser positivas (alegria) ou negativas (medo, aflição). Aristóteles, em sua obra Retórica, afirma: “O medo é uma dor ou uma agitação produzida pela perspectiva de um mal futuro, que seja capaz de produzir morte e dor”. Durante a pandemia todos, em maior ou menor grau, sentiram medo: medo com relação à saúde (sua e de seus entes queridos), medo com relação à sobrevivência, medo de um futuro absolutamente incerto que não encontra paralelo na história da humanidade.
Nesse contexto, nasceu o Clarão, sendo uma narrativa ilustrada que descreve as angústias de quem tem medo, mesmo sem saber exatamente o quê ou a quem temer, os caminhos que o medo nos leva a trilhar, as escolhas e aprendizados que o medo nos traz. E, no final, com o crescimento que a jornada nos proporciona, descobrimos o real tamanho do medo e de que somos capazes de superar as agruras da vida, desde que não deixemos o medo nos dominar completamente, ou seja, desenvolvermos a coragem para olhar o mundo e para si, enfrentando a ambos.
Fugimos desesperadamente de coisas, inimigos externos que nos fazem sentir medo. Porém quando olhamos para dentro, para o sentimento é que percebemos que o medo está em nós, é lá que o medo habita. A proposta remete, ainda que de forma ligeira, ao “kamishibai” japonês, técnica de contar histórias nascida nos templos budistas japoneses do Século XII, combinando a narração de história com a ilustração, proporcionando ao espectador um contato com duas formas de arte que se completam.